Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Primeiro Dia Depois de Tudo em Santos

Foto de Lenise Pinheiro.


"O PRIMEIRO DIA DEPOIS DE TUDO", texto e direção Leo Lama, com Priscilla Carvalho e Leonardo Ventura.
NO DIA 15/01/2011, NO TEATRO DO SESC SANTOS.
Rua Conselheiro Ribas, 136 - Aaparecida
Santos - SP
CEP: 11040-900
Telefone: 13 3278 9800 


Ingresso SESC
Você pode comprar os ingressos para os eventos do SESCSP em qualquer unidade da Capital, do interior e do litoral do Estado. Consulte a lista de pontos de venda e escolha a que estiver mais próximo de você.

Formas de pagamento
Dinheiro e cheque [à vista]; cartões Visa, Visa Electron, Mastercard, Mastercard Electronic, Maestro, Redeshop e Diners Club International [crédito e débito].

sábado, 27 de novembro de 2010

Penúltimos Comentários

Assisti à peça ontem. Muito bom! Incrível como Leo Lama conseguiu trabalhar as sensações. Eu sentia o que eles sentiam. E quando eles não estavam, quando as luzes se apagavam, era um caldeirão de emoções. Interessante como a gente não presta a atenção a essas emoções. Gostei muito. Parabéns a Leo Lama, aos atores e a toda equipe! Cristiane F. Alves, Risk Manager - Latin America da Pirelli Pneus Ltda, espectadora essencial.

Muito bom, trabalho intuitivo! Ainda mais porque foi escrito quando o autor ainda era criança (24 aninhos). Acho que o melhor é logo de cara a imagem, a tensão dual de anjos paraplégicos e deficientes metafísicos. Reconheço muitas referências, uma longa lista: literárias, cosmológicas e pessoais. Muito pano para a manga. Impressionante os atores, especialmente Priscilla Carvalho, que parece estar mais próxima do texto. E que energia mobilizada! Como eles agüentam serem canais de tanto? Devem ter proteção angélica para lidar com a matéria sem despirocar! Afinal, Deus protege mulheres, crianças, bêbados, loucos e atores. Sergio Rizek, editor, espectador essencial, da Attar Editorial.

Fui assistir à peça na quinta-feira, obrigada. Gostei muito. Texto instigante e bons atores. Muitas coisas que não saberia explicar escrevendo, coisas que senti e pensei depois que saí de lá. Ando me perguntando: por quê? Pra quem? Por que agora?Por que aqui? Acho que o texto vai nestes pontos. Em alguns momentos me senti excluída de algo que só os envolvidos sabem. Por quê? Mas me instigou, fiquei feliz. Bel Kowarik, atriz, espectadora essencial.

Quero agradecer demais, realmente foi muito bom eu ter ido. Os atores são ótimos e o texto é muito forte mesmo. Eu tenho meditado todo dia e achei que a peça me deu um insight muito interessante, que tem a ver com o Zen. A peça é sempre muito subjetiva e fala de coisas que são difíceis da gente materializar na mente. Sempre fica uma coisa vaga, a gente não entende racionalmente. Mas entende irracionalmente. Foi isso que eu senti. Saí do teatro com uma compreensão, com o sentimento de compreensão. Mas não pergunte do que! Realmente uma compreensão irracional, como no Zen. Eu particularmente também percebi que tenho que ir mais ao teatro, pois é algo que estimula demais a mente, dá uma avivada nas idéias. Eu cheguei em casa e fui trabalhar nas minhas esculturas. Então foi assim. Essa peça de todas do Leo Lama é a mais poética. E fiquei contente de não perder, pois tenho acompanhado todas as peças do autor e isso é muito interessante, ver como um artista se desdobra. André Parisi, pintor, escultor, artista plástico, espectador essencial.

Que porrada!Adorei, simplesmente adorei! Que cutucada na consciência, hein?! Me identifiquei demais em muitos momentos dessa obra sensível e detalhista do Leo Lama. Mal consegui me mexer na cadeira, tanto é que até esqueci onde estava e o envolvimento com olhares, lágrimas e tudo, me chocou a ponto de rever a nossa realidade que quase nada de bom tem, por quê? Porque somos hoje em dia (pós anos 90) cada vez mais centrados em nossos próprios umbigos, em nosso próprio mundo. Vai se o tempo, e o ser humano está cada vez mais deslocado, alojado em sua pequena prisão, a da alienação. André Mello, ator, espectador essencial.

Sem se mexer, a energia da atriz mexeu muito comigo. Não saberia explicar racionalmente, mas é isso que buscamos, não é? Parabéns pelo trabalho. Camila Rondon – atriz, cantora, compositora e jornalista, espectadora essencial.

Parabéns pela peça, texto tocante, obrigada. Silvana Cardoso dos Santos, espectadora essencial.

Ainda não sei o que dizer. No mínimo me incomodou. Acho que estou digerindo. Ana Rosa, espectadora essencial.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Último Dia do Primeiro Dia

Primeiro dia de ensaio, foto minha.

Os fenômenos, ou seja, tudo que pode ser percebido pelos sentidos ou pela consciência, provocam diversas colorações no ego, segundo uma infinidade de gradações quanto à qualidade e à intensidade. Tais matizes indicam direta ou indiretamente o que somos; o sentimento é uma imagem ou uma modalidade da pessoa, dependendo do seu grau de profundidade. A qualidade do sentimento depende da qualidade do ego tanto quanto da do fenômeno. Como a inteligência e a vontade, o sentimento é uma faculdade simultânea de assimilação e discriminação.

Depois dessa breve reflexão sentida, digo que nossa peça “O Primeiro Dia Depois de Tudo”, cumprida a temporada inicial em São Paulo, deixa um sentimento bom em quem participou do trabalho. Digo isso também muito pela resposta que tivemos do público. Formado por espectadores seletos, de alto nível, participativos, que nos questionaram, apoiaram, (alguns assistindo mais de uma vez), criticaram, incentivaram, doando mais do que esperávamos, nos fazendo querer doar tudo que pudemos em cada apresentação, para que fosse sempre melhor do que a anterior.

Nossa luta continua, em batalha para apresentações em outros lugares, aldeias, cidades, países e espaços intergalácticos ou em quintais de consciência. Estamos colocando projetos em Leis, ligando para SESCs, procurando teatros, porque, na verdade, tudo que queremos é trabalhar. Procurar trabalho também é trabalhar.

Em nosso país, como todos sabem, fazer arte é uma luta, pois a cultura está diretamente ligada a interesses políticos e mercantilistas e muito pouco conectada com a ética e com a pesquisa profunda de novas linguagens artísticas. Não importa, somos singularidades e não é porque chove que não está fazendo sol.

Assim vamos, como quem nunca sai de cartaz.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amores alados, dores terrenas

Crítica de Valmir Santos em seu site: http://teatrojornal.com.br/blog/2010/11/amores-alados-dores-terrenas/

Se escrever, não dirija. Os dramaturgos dão de ombros para isso. Samir Yazbek, Mário Bortolotto, Claudia Schapira, Roberto Alvim e Newton Moreno, entre outros, estão cada vez mais apossados da cena. Também. Em sua produção sazonal e de soslaio, Leo Lama se assume espirituoso na busca pelo que se deduz uma reza, um mantra sobre os conflitos de que são feitos o teatro e a vida. Particularmente quando a dois, como no microcosmo da experiência mais recente, O primeiro dia depois de tudo. A peça de 20 anos atrás ganhou um novo tratamento sobre a enésima história de amor. Tornar a palavra imagem é que são elas.

Lama vai a Dante Alighieri e Beatriz, o amor da musa idealizada pelo poeta, para falar da realidade de seu tempo. Purga a relação de um casal em seu estágio derradeiro. Se os diálogos e as passagens narradas abrem janelas a ironias e estados ridículos dos enamorados em crise, a encenação não alivia em sua austeridade. Essa tensão leva o espectador a partilhar o labirinto existencial com intimidade que o espaço exíguo da Sala Vitrine, no Teatro Imprensa, só faz colaborar.

Na parábola, Beto e Beatriz perderam o movimento do corpo. Resta-lhes a cabeça. A razão e as asas – a plumagem branca salta armada das omoplatas dos seres vestidos de luto, cada um em sua cadeira de roda. A imobilidade (oposição sustentada sob preparação corporal de Joana Levi) é ponta de lança da direção. A paralisia, a base preta dos figurinos, o desenho de luz espectral (por Fábio Retti), os blecautes caudalosos, toda a atmosfera melancólica vem confirmar que o inferno não são os outros, mas eles mesmos, os sujeitos protagonistas.

Importa notar em O Primeiro Dia Depois de Tudo o dramaturgo desconstruindo o amor romântico com “uma tragédia poética”, como ele chama, atento à liquefação cotidiana, rindo da traição e da posse, pasmado diante da inconsequência dos sentidos e afetos abortados. E, principalmente, o dramaturgo capaz de ser outro enquanto encenador, distanciar-se como inventor de linguagem cênica que amplia os horizontes do texto ao “aprisioná-lo”.

Somos surpreendidos ao ouvir de Leo Lama, por meio dos personagens, que não existe remédio no teatro para as dores de amores. Um autor em mutação permanente que permite ao eu diretor mãos lapidadas e ousadas como não vimos até aqui na carreira. Se for preciso dizer alguma coisa, é a linguagem, uma teatralidade de pulsos beckettianos que vai gritar ou silenciar sob um texto bem estruturado para assuntar o banal e o convencional nos dias de hoje. O discurso na chave negativa revela luminoso o amor de pés nos chãos, menos idílico. É o que se depreende da voz e do pensamento de um homem e de uma mulher contemporâneos, por Priscilla Carvalho e Leonardo Ventura, cúmplices decisivos nesse processo de anjos urbanos caídos. Na simbologia erguida por Lama, aleijões da alma e do corpo rogando por ouvidos, oscilando o que foram e o que gostariam de ter sido. Na condicional.

Foto de Heloísa Bortz.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O que par seria

Andreah Dorim, artista essencial, sempre mirando pra cima. PARÉ.

A valorização, qualquer que seja, não é sempre uma verticalização? Não é fácil para o homem se tornar ereto. Todos engatinham por algum tempo antes de erguerem-se e muitos, mesmo depois de levantados, ainda conservam curvas nas costas, como se pendessem para o mais baixo. Estar de pé é um símbolo muito forte, principalmente porque é o mais alto que cada um de nós pode chegar com os pés no chão. Estar de pé ao lado de alguém é o que define nossa espécie. E é essa a noção que, por ser tão óbvia, logo perdemos. O ser humano quer estar no topo, não contente em estar apenas em si.

Quando vemos uma tribo indígena dançando de mãos dadas ao redor de uma fogueira ou formando um círculo, podemos perceber que as tradições dos povos primeiros são baseadas na força do estar junto em ritual de compartilhamento. E é preciso sempre, para esses, estar lembrando essa força. Mas aqui, na chamada civilização, muitos precisam lembrar o quanto são importantes enquanto indivíduos, justamente por não se acharem assim, e necessitam buscar uma auto-afirmação umbilical por insegurança ou carência de reconhecimento, o que não é estranho, já que o ensino na maior parte do país e do mundo é baseado no abandono e no abuso, assim como a educação que recebemos de nossos pais. Todas as propostas “civilizatórias” nos levam à solidão e à falta de referência e causam o isolamento e o comportamento defensivo. Sentindo-nos assim, como poderíamos nos abrir para a eucaristia?

Pensando apenas no teatro, reconheço que não existe a menor possibilidade de uma peça ser realizada satisfatoriamente sem a comunhão, sem o estabelecimento de uma comunidade ou, no mínimo, sem a composição de um par. Ao longo desses anos minha vida foi uma escola de aprender a compartilhar. Como todos, perdi muito tempo por ter sido condicionado ao egoísmo e às ilusões do ego. Portanto, agora que estou no pré-primário, é importante que eu reconheça, em cada atitude e frente a cada nova proposta de trabalho, que não realizei nem vou realizar nada sozinho. Vivemos o tempo do “por favor, vote em mim pra que eu ganhe um prêmio”, mas, parece que está cada vez mais claro que só seremos singularidades se votarmos em nós.

No caso da peça O Primeiro Dia Depois de Tudo, peço que leiam a ficha técnica postada aqui ao lado e entendam que tudo que foi realizado em nosso processo foi em conjunto e os dois atores recebem o maior mérito, pelo empenho e pela dedicação exemplar, empreendidos sem a menor remuneração. Em meu caso particular, devo a realização dessa peça à persistência e à coragem de Priscilla Carvalho, que foi minha companheira em todas as etapas.

E por fim gostaria de dizer que tudo que faço e penso em fazer se deve à minha parceira de sempre e sempre Andreah Dorim. Cada linha que escrevo, cada direção que imagino ou tento realizar está continuamente sob a influência que essa artista essencial exerce sobre o meu pensamento, a minha vida, a minha obra. Eu não teria chegado onde estou se não fosse ela, não que eu tenha ido muito longe, mas se dei um mínimo de lapidação ao me talento, o mérito é em grande parte de Andréita Dorim, minha comparte.